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MULHER CONTEMPORÂNEA: O FEMINISMO CAIU POR TERRA

  • Patrícia Buranello
  • 24 de jun. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 27 de jun. de 2019



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Durante minha prática clínica, pude observar como pontos positivos e negativos, que o movimento feminista trouxe para às mulheres contemporâneas, à partir daí escrevi esse texto com o intuito de gerar uma reflexão em todos nós. Tendo o objetivo de entender como este interferiu na vida da mulher na atualidade; algumas questões foram levantadas: Quem é a mulher contemporânea? Onde ela se encontra? Em casa, na academia, no shopping, nas grandes empresas, ou deitada num divã?

Está numa grande encruzilhada, o tiro que saiu pela culatra do movimento feminista, e que hoje deixa esta mulher tão confusa.

A mulher contemporânea é aquela que mesmo independente ainda se vê “sugada” pelos afazeres cotidianos de sua casa; é aquela que levanta cedo, arruma o café, acorda os filhos, leva-os para escola, trabalha, vai ao supermercado, prepara o jantar, coloca as crianças para dormir, tem tempo para o marido, para ver sua página no Facebook, Instagram ou na internet…, porém ainda chora com o final feliz da novela.

Mas onde se encontra o tal feminismo radical proposto pelas mulheres, principalmente na década de 60, quando pregavam igualdade entre os sexos? (Ver anexo). Com o tempo percebeu-se que a mulher ainda espera que o homem lhe dê o lugar para sentar no ônibus lotado, ou puxe a cadeira para ela no restaurante; e será que ela faria o mesmo por ele?

Contudo, foi através do feminismo que a mulher começou a ter seu espaço no mercado de trabalho, mais liberdade sexual, direito ao voto e um companheiro participativo no lar, entretanto muitas mulheres ainda não conseguiram se desvencilhar das atividades domésticas, querem dar conta de tudo, e se tornarem as “super-poderosas”, então a frustração as acompanha, e para exemplificar estes conflitos, três casos serão analisados a seguir, utilizando nomes fictícios para preservar a identidade das clientes:

  1. Joana, atualmente com 30 anos, veio ao consultório em 2007, queixando-se de não conseguir educar seus três filhos homens, na época com 10, 7 e 3 anos, e de não sentir desejo sexual pelo marido, pois tinha que cuidar de tudo sozinha; achou que trabalhando fora  sentir-se-ia melhor; montou um comércio com a ajuda do marido, mas meses depois fechou, pois disse que não dava conta de tudo, tinha dias que não conseguia abrir a loja devido aos afazeres domésticos, levar os filhos para escola etc., logo em seguida deixou a terapia. Em novembro de 2009 retornou apresentando a mesmas queixas, mas ainda muito resistente questão hoje que lhe é mais consciente, o que facilita um pouco mais o processo psicoterapêutico.

  2. Ivete, 34 anos, fez psicoterapia por 2 anos. Apresentando queixa de não conseguir engravidar por infertilidade do marido, mas este é um fato que o casal escondia das pessoas; pois o marido não admitia que tal situação fosse aberta aos demais, e I. não se importava pois não queria chateá-lo; este por sua vez a proibia de trabalhar e de estudar, consequentemente ela queixava-se de não ver sentido na vida,  antes era compulsiva por limpeza de repente passou a não ligar mais para nada e não tinha vontade de mudar seu comportamento, passou a não cuidar mais da casa, reclamava que o marido trabalhava demais, e nos finais de semana ia para o bar beber com os amigos, e “chegava em casa com aquele bafo” (sic), I. também relata não ter interesse sexual por ele, e que preferia ficar nas salas de bate papo na internet até altas horas (comportamento este que substituiu o de limpar a casa), onde era cortejada por outros homens, o que a fazia sentir-se bem e valorizada enquanto mulher. Neste ínterim passaram pelo processo de adoção de um bebê que não teve sucesso e após alguns meses ela interrompeu o tratamento psicológico.

  3. Fernanda, 30 anos, desde fevereiro de 2009 em psicoterapia. É uma profissional muito bem sucedida, que também apresenta queixa quanto à dificuldade de engravidar; descobriu uma endometriose, que a fez buscar tratamento psicológico, no qual começou a se questionar não se queria engravidar, mas sim se queria dar continuidade ao seu casamento, pois fatos que sempre aconteceram e não a incomodavam, passaram a incomodá-la, como a instabilidade profissional do esposo e sua falta de ambição na vida. F. tem um salário maior do que o dele, e em contra partida é ele quem cuida de algumas atividades domésticas, como o supermercado e a alimentação do casal, atividades estas que ela admite não ter prazer em realizar. Há um ano aproximadamente, o marido passou a apresentar disfunção erétil e ter crises de pânico, o que desestruturou o casamento, agora está em tratamento psicológico e psiquiátrico e afastado do trabalho; F. continua trabalhando para sustentar a casa e resolveu lutar pelo casamento, pois acredita que isto é o que ela quer, mesmo diante de tantas dificuldades. Ela preza muito o momento da psicoterapia, comparecendo fielmente as sessões.

Nos três casos apresentados, percebemos como a mulher contemporânea está confusa na execução de seus papéis.

No primeiro, uma jovem que foi mãe muito cedo e tenta resgatar momentos que deixou de viver, como a carreira profissional, pois abdicou de sua vida para cuidar da família, ou seja, estava vivendo um grande conflito entre a trinca: profissão-maternidade-matrimônio.

Já no segundo, a mulher que era a “Amélia”, no que diz respeito aos afazeres domésticos, porém sente-se incompleta por não engravidar, não por problemas seus, mas sim por infertilidade do esposo, que por sua vez não a valoriza enquanto mulher, e I. vive o conflito entre o modelo antigo da “Amélia”, e a mulher moderna a “Internauta”, que realiza os seus desejos de maneira virtual.

Por fim o terceiro caso, e que talvez seja o mais comum atualmente, o de F., no qual há uma inversão de papéis, a mulher que com um salário maior do que o do marido passa a ser a provedora do lar, e como “o homem da casa” pode engravidar?

Contudo,os conflitos enfrentados pela mulher contemporânea e a dificuldade em lidar com as várias facetas do movimento feminista, que acabou caindo por terra, estão cada vez mais freqüente nos consultórios, onde elas tentam resgatar quem realmente são e o que querem para si e não para o outro. A mulher ainda tem muito que conquistar, não deve deixar de lado a sua essência; ela não tem que se tornar “o homem da casa”, e nem ser a tal “Amélia”, e o difícil está sendo encontrar o meio termo, o equilíbrio; porém vem tomando consciência de seu verdadeiro papel na sociedade como um todo, e sem esquecer seu lar, onde se encontra mais segura ao lado de seu companheiro participativo.

ANEXO

CONQUISTAS E FRUSTRAÇÕES

As pioneiras do movimento feminista pleiteavam uma série de direitos sociais. Muitos de seus objetivos – sobretudo os que dependiam de ações legais – foram alcançados, mas outros – ligados a individualidade ou ao relacionamento dos casais – não, e surgiram novas demandas na vida das mulheres


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Fonte: Revista Veja Especial Mulher. Junho de 2006, p. 53.




BIBLIGRAFIA CONSULTADA

SANABRIA, Marisa. A procura do feminino. Aparecida – SP : Idéias e

Letras, 2005

VEJA, Revista. Especial Mulher: Abril – SP. Junho 2006, p. 48-54.

 
 
 

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